Conheci-te tão bem que já não sei quem és, não sei sequer onde estás. É-me difícil acreditar que a mulher que és se esconde na bruma da pessoa que afirmas ser. Olho para ti e não te consigo ver. Porquê? Onde está o sorriso, onde está a fé, onde está a paixão, onde estás tu? Do tanto que tens, que eu nunca te dei, de toda essa pompa e circunstância, o que tens realmente? Onde perdeste o sorriso?
Não o dizes agora, talvez nunca o venhas a dizer. És teimosa o suficiente para nunca o admitir, que perdeste o sorriso no dia em que eu perdi o meu também, mesmo que isso te vá consumindo ao longo da vida. Não te preocupes - claro está que nunca irás demonstrar preocupação - sei que ainda precisas de mais enganos, de mais desilusões. Não te censuro, talvez eu também precise.
Mas pensa bem, ou melhor, não penses. Fecha os olhos e recorda-te do que te faz sorrir. Assim mesmo. Sorri, sorri com vontade, com alegria, com prazer. Mantém os olhos fechados, não os abras. Agora recorda todos os sorrisos, os teus sobretudo. Recorda-te do que te faz sorrir, do que te faz sonhar, do que te faz viver, do que te faz amar.
Não te rales meu amor, estou aqui e tenho tempo. Para esperar, para chorar, para te amar como só eu te amo, como tu sabes, se te recordares, que só tu me podes amar, como sentes que só nós podemos sentir. Mantém os olhos fechados, não os abras ainda. Mantém-nos fechados, o tempo que for preciso. Hoje não sei quem pensas ser, mas sei bem quem és, e tu sabes quem sou, tal como sabes que és minha e eu sou teu, talvez não agora, mas sempre que te recordares de quem és.
Não abras os olhos, deixa-os escondidos, bem longe dos meus, para que não os veja. Sabes bem demais que vê-los é ouvir-te dizer tudo o que não queres dizer. Essa pessoa que queres ser consegue manipular tudo, excepto os teus olhos quando se cruzam com os meus.
Sem comentários:
Enviar um comentário