terça-feira, 9 de novembro de 2010

Amo-te


            Eu sei que o mundo morreu e nada mais queres de mim, tudo para ti longe de mim, mas deixa apenas dizer-te: "Amo-te". Não precisas de me amar também, deixa só que se solte de mim essa palavra: "Amo-te". Não me ames também, isso seria demasiado para o meu pobre coração, e morreria por certo. Não me dês mais nada senão essa veleidade, dizer-te: "Amo-te". Se não quiseres ouvir, tapa os ouvidos, mas não me tapes a boca, e se o fizeres, fá-lo com os teus lábios, só eles me poderão silenciar. Não olhes para mim sequer, não sei se saberia conviver com esse olhar, mesmo com a boca fechada e a voz toldada, os olhos gritariam: "Amo-te". Desvia os passos, e o corpo com eles, que eu com o meu já não me sustento, que eu com este tamanho já não aguento, nem de pé nem deitado, muito menos sentado, ainda menos parado. O tamanho é demasiado para mim, a grandeza desse "amo-te" não tem escala que o torne mensurável. Não peças que me cale sequer, calado já eu estou por essa palavra tua que me emudece. "Amo-te". É o teu nome que se solta quando essa palavra se escapa, é o teu sabor que sinto no ar que me falta, é essa palavra que estreita a distância que nos separa. Entendo que não me entendas, se eu próprio sou incapaz de entender o quanto de mim é amor por ti.

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