quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

A tribo dos indesejados

A propósito dos incidentes no Seixal. Esta é como o futebol e as claques, mas desta vez houve uma carga quase a sério. Já disse o que pensava em relação a isso, agora debruço-me sobre o destino dos prevaricadores. O que podemos desde logo garantir é que alguém pagou aquele autocarro, que uns bandalhos acharam piada incendiar, tudo porque é porreiro ver as chamas de noite, e o cheiro a borracha queimada, e tal.
Maxilar partido? Temos pena, quem anda à chuva molha-se. Pena mesmo foi ter sido só um a levar, haviam de ser todos, sovados, encaminhados para o hospital, e depois para o claustro. Sim, porque o lugar dos bandidos é enclausurados. Mas não à boa vida, isso têm eles cá fora. É pô-los a trabalhar, de enxada ou picareta na mão, que o trabalho enobrece e dá humildade, e há por aí muita valeta, muita floresta para limpar, muito edifício para recuperar, muito trabalho por fazer, e a esses "rapazolas" faria muito bem.
Assim o estado arrecadava uns milhões anualmente, melhorava o aspecto das ruas e das cidades, limpava as florestas, recolhia o entulho espalhado por tudo quanto é berma, e ainda ajudava a formar o carácter dessas pessoas, permitindo-lhes aprender uma profissão, quem sabe consciencializando-os da sua cidadania.
Não falo em "meter" ninguém na prisão, estou a pensar mais em criar uma secção dentro de cada ramo das forças armadas onde essas pessoas fossem integradas, obrigadas a cumprir horários e regras, a trabalhar de sol a sol, em troca do ordenado mínimo, de onde se subtrairiam as despesas de alojamento, alimentação, e vestuário, e em que se dessem créditos em função de objectivos (como acabar o secundário, ou completar o 9º ano, ou fazer formação profissional, ou o desempenho).
Falo em criar um verdadeiro sistema de reintegração social para quem ainda não está perdido para a sociedade, falo em dar oportunidades, falo em dar um futuro. Mas com regras. Não há fins-de-semana nem saídas precárias, os vencimentos só passariam para a mão do "condenado" cumprida a pena, e após um período de tempo suficiente, após a libertação, para garantir que o mesmo se integrou de facto, as penas nunca poderiam ser inferiores a um ano lectivo, por motivos óbvios, e teria de haver um período de "pena suspensa", em que qualquer recaída conduzisse a novo período de integração nas forças armadas.
Isto é o primeiro esboço de uma ideia que me ocorreu a propósito do Seixal e do futebol, e que vou trabalhar nos próximos tempos, porque os tipos das claques e esses do Seixal, se não são os mesmos, são muito semelhantes, e se é verdade que os delitos não são suficientemente graves para invocarmos a pena de prisão, não deixa de ser verdade que são graves o suficiente para serem punidos pela sociedade, perante a qual estão em dívida. E é verdade também que muitos deles ainda não estão perdidos, ainda podem ser reintegrados, e isso tem de ser feito antes que ao crime cometido corresponda uma pena de prisão efectiva, porque aí perdem-se definitivamente (salvo raras excepções).
O ideal seria transformar estes indesejados em elementos válidos da sociedade, e para isso é necessário um estudo sério, eu aqui só lanço uns "bitaites" para o ar, porque acredito na humanidade, porque quero acreditar que é possível fazer mais, que é possível fazer melhor.

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