quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Revolta-me a estupidez (Ignorantes somos todos)

Há alguns anos atrás, era ainda frequentador de Alvalade, assisti a uma cena horripilante. Tinha acabado o jogo com o Braga, o Sporting perdera, e eu dirigia-me para a paragem do autocarro, muito triste  com a derrota. Enquanto esperava, pára um carro no semáforo mesmo em frente, com um emblema do SLB sobre a chapeleira. Um grupo de adeptos sportinguistas, sem qualquer provocação, atacou o carro, e o que se passou a seguir foi de tal forma brutal que o recordo como se o estivesse a presenciar. No lapso de tempo que demora a esfregar um olho, puxaram ambos os ocupantes para fora da viatura, e agrediram-nos a soco e pontapé, de tal forma, com tal violência, que acabam por deixá-los estendidos no asfalto, cobertos de sangue, inanimados. 
A primeira coisa que me ocorreu foi: "Mataram-nos." Quem se aproximou e ligou para o INEM teve de fugir, e só por sorte escapou às garras daquelas bestas. Não sei o que se passou com essas duas pessoas, não foram capa de jornal nem noticia de TV, mas sei o que vi e o que tive de correr. 
Quem defende as claques devia ter a mesma sorte que essas duas pessoas tiveram, talvez assim abrissem os olhos, que uma "lição" de quando em vez faz falta. Gostava de ver  a reacção dessa gentalha se fossem eles a ser espancados, ou os seus filhos, ou os seus irmãos, ou os seus pais, as suas mães e irmãs e mulheres. Gostava sim senhor. Culpar a autoridade é o mesmo que defender as claques, e quem o faz não merece mais que o meu desprezo, tal como as claques.
As "cargas policiais" não chegam a ser carga, são apenas uma ameaça, mas deviam  ser concretizadas. É aí que reside o erro, não da policia, mas de quem os comanda. As ordens deviam ser simples: em caso de comportamentos como aqueles, responder com força e sem misericórdia, doa a quem doer. Faz falta partir ossos, provocar escoriações e lacerações, faz falta violência policial. Não indiscriminada, mas sim bem dirigida. Quando carrega, a força de intervenção só devia parar quando todos na bancada estivessem sentados nos seus respectivos lugares - de livre vontade ou não. Quem é civilizado, e por mero acaso fosse apanhado no confronto, sentava-se e ficava muito sossegado, quem não o fizesse, era sovado até obedecer.
Estarão a pensar que sou algum bruto, mas enganam-se. Tenho um respeito profundo pela humanidade, um respeito tal que me é difícil entender o comportamento das claques, aliás, é-me impossível entendê-lo. É por respeitar os outros, é por ser humano, é por tudo o que a vida me ensinou que sou apologista de medidas completas. Assustar um bandalho daqueles é dar-lhe motivo para sorrir e para se gabar. Partir-lhe um braço, uma perna, o maxilar, umas costelas, vai fazê-lo pensar muito bem na vida, e no próximo jogo, já não terá a mesma leveza em atirar cadeiras ou espancar alguém. Se há coisa que aprendi é que, em grupo, as mentes fracas ganham proporções animalescas, não respeitam nada nem ninguém, e isso não é tolerável, não é aceitável.
O decurso do tempo tem-se encarregue de provar que este tipo de intervenção branda não tem resultados, nenhuns. É hora de endurecer a postura da policia, é hora de lhes dar permissão para usarem a força nestes casos, e não falo da lei de Talião, falo de outro tipo de reciprocidade. Quem atira uma cadeira a um agente da autoridade tem de estar preparado para que lhe partam um braço, e quem vê não pode ficar melindrado, tem de ficar triste, só isso, pois também eu fico triste com a violência. Mas eu, nós, todos temos o direito de ver um jogo descansados, de passear na rua sem medos, de nos sentirmos seguros, e é para isso que servem as forças de segurança.
Quem anda nas claques desconhece os mais elementares direitos e deveres do Homem, e já não se admite, numa sociedade culta e evoluída, este tipo de comportamento. É hora de ganhar coragem e dizer basta, é hora de pensar em todos nós e não apenas em alguns, é hora de garantir que os nossos filhos, os nossos netos, poderão ir ver um jogo ao estádio, perder ou ganhar, e respeitar o adversário e quem com ele simpatiza. É hora de acabar com estes bárbaros que infestam o futebol e a sociedade com o seu cheiro fétido, comprometendo tudo aquilo porque tantos de nós temos lutado, porque tantos homens e mulheres deram a vida.
Quem lhes dá força, acusando a autoridade, é tão responsável pelos seus actos como eles, pois é nessa crítica social à actuação da polícia que esses monstros se escudam, e ao abrigo dessa "protecção" actuam com tal barbárie que chega a ser inacreditável estarmos em pleno século XXI, mais parecendo estarmos em plena idade média, na "idade das trevas".
Não quero que matem ninguém, quero apenas que se cumpra uma sociedade fraterna, justa e equitativa, em que todos nos possamos expressar livremente, respeitando a liberdade dos outros. E para isso é necessária uma força de segurança em que possamos confiar, e uma opinião pública consciente dos seus direitos e deveres.
Sinto-me profundamente envergonhado com o comportamento da claque do meu clube. Como Homem e como Sportinguista, o mais que posso fazer é pedir aos policias que viveram momentos de stress extremo, que foram feridos, que nos perdoem a nós, verdadeiros Sportinguistas, pelos erros dessa escumalha. Eles não são o Sporting, eles não são nada.

Quanto ao resultado, resta-me felicitar o justo vencedor (por muito que isso doa à minha alma sportinguista).

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